Era uma tarde de calor. A minha amiga já me aguardava no quintal onde passava a maior parte do tempo. Mesmo de férias, não tinha permissão para sair dali...
Com ela, aprendi a brincar com tachinhos, pratos e talheres de brincar. Só não conseguiu fazer com que gostasse de bonecas...
Tinha livros de banda desenhada antigos, que eram do avô e que devorávamos, sentadas á sombra da parreira que também servia de suporte ao baloiço onde me deliciava até não querer mais!
Mas naquela tarde decidimos fazer uma coisa diferente. Ela foi buscar um baralho de cartas e ensinou-me a jogar ao burro em pé. Adorei!
Por ali ficámos entretidas, sem dar pelo tempo passar.
Mas houve alguém que não se esqueceu de olhar para o relógio, e como tardava a minha chegada, decidiu ir procurar-me.
Depressa me encontrou e não deixou de me demonstar o seu desagrado pelo que viu.
_Uma mulher não joga ás cartas!!
Ao mesmo tempo que pronunciava esta frase, vi nos seus olhos a reprovação do acto. Mas eu era apenas uma menina e nem sabia que esse jogo era pouco abonatório nas mãos de uma mulher.
Claro que na altura nem abri a boca, pois fiquei amedrontada e não ousei sequer falar no assunto durante os tempos que se seguiram.
Muito mais tarde vim a saber o porquê. Afinal o jogo das cartas estava associado ás prostitutas...
Lembranças guardadas nas prateleiras da memória e aqui revividas em forma de ecos
20/05/2006
Jogo de cartas
Medusa
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