Lembranças guardadas nas prateleiras da memória e aqui revividas em forma de ecos
31/03/2006

Anjo


Há quem diga
Que estão no céu
Há quem afirme
Que é no paraíso
Ninguém sabe ao certo

Há quem já os tenha visto
Na realidade
Ou na fantasia
Em sonho
Ou no delírio
Sabe-se lá...

Há quem converse com eles
Todos os dias
Lhes peça conselhos... preces...
Ou apenas
Um pouco de atenção

Quem os desenha
Mostra-os lindos... perfeitos...
São fonte de inspiração
De poetas e poetisas
E tantas outras coisas...

Nas horas de afição
Impera a sua companhia
E nas outras... as da perdição!

Celestiais ou não
Desejados sempre serão

Encontrei um na terra
Que vela por mim
Um anjo... é meu!
Medusa

27/03/2006

Caixinha junto ao peito


Levo-te comigo
em pensamento...

A cada sítio
por onde passo

Onde me abrigo
...do vento

Onde me deito
rendida ao cansaço

Trago-te sempre
junto ao peito

Numa caixinha
onde te guardo
...com jeito

Sei que vou
contigo além...

A cada instante...
...por onde passas

Onde te deitas
e me dizes...vem!

É onde habito
...noutra caixinha

Que guardas
junto ao peito também
Medusa

26/03/2006

Mente à solta...


Elevei-me bem alto
Onde o infinito me rodeia
E as nuvens habitam
Onde o sol reina
E a lua também
Ao meu redor
Só o barulho da paz
Envolvido na luz
Dos meus pensamentos
Sublimes de altivez
Consigo ir mais além
Despregando-me do corpo
E flutuando no espaço
Encontro o caminho
Que me há-de trazer de volta
Quando o sonho acabar
E o sol me afagar a tez
Aí me encontrarei de novo
Frente a frente com ela
A realidade nua e crua
Espelhada no que faço
Alheia a qualquer revolta
Em pensamentos confusos
Que me assolaram a mente
Ludibriando o meu ser
Fazendo-me acreditar
Que tudo não passou afinal
De puro devaneio
Fruto de um sonho
Criado pela mente solta
Em noite de luar
Medusa

24/03/2006

Tropeçando pela vida fora...


Menina ingénua
Cresceu ao ar livre
Em campos verdes
Onde o sol e o vento
Lhe faziam companhia

Longe da selva
Não se habituou
A lidar com os bichos matreiros
E cruéis que a habitavam

Pensava que todos eram como ela
Que na sua simplicidade
Fazia tudo sem intenção
Só depois reparava
Que afinal os bichos
Não tinham contemplações

Mesmo assim
A cada vez que tropeçava
Dizia para os seus botões
"Não... desta vez tudo será diferente...!!"
Quanta ingenuidade...

Mesmo hoje
Ao fim de tantas escorregadelas
E algumas quedas
Se deixa iludir
Ao pensar que é importante
E que a sua presença
Provoca felicidade em alguém

Que tonta... mais uma queda!

Levanta-se
Sacode a poeira
E prossegue o seu caminho

Ainda tem esperança
Agarrar a mão de alguém
Que tropeçou também
E... sentir o seu calor...
... o seu aperto...
No apoio mútuo
Uma certeza
Não voltarão a cair!
Medusa

23/03/2006

Está dentro de ti, a paz...


Em constante conflito
Com o seu próprio EU
Travando batalhas
Ora perdidas
Ora ganhas
Por vezes aflito
Amarrado ao passado
... Que viveu!
Por vezes adormecido
Na solidão que ganhou
Das batalhas que perdeu
Sabe que voltará a ter
Razões para sorrir
E outras tantas
Envoltas em mistério
Ainda por descobrir
Basta que seja capaz
De se libertar do que amou
Para um novo viver
Que o levará onde quer ir
E por fim voltar a ser
Quem sonhou um dia
E não chegou a ver
O sonho... esse voou
Serás tudo o que quiseres
Está dentro de ti... a paz
Medusa

22/03/2006

Lobo


Lobo em tempos temido
Nas histórias de embalar

Contadas por uma anciã
Á sua neta vêm lembrar

Daqueles rebanhos no monte
Que tinha de guardar

De matilhas esfomeadas
Que ovelhas queriam agarrar

Com pele de cordeiro se veste
Se presa quer enganar

Feroz quando tem fome
Meigo quando a saciar

Solitário por natureza
Á lua gosta de uivar

Aos humanos não aparece
Esconde-se nas sombras do luar

Agarra a presa com firmeza
Não vá ela escapar

Por fraco não há quem o tome
Jamais se deixará apanhar
Medusa

20/03/2006

Encontros e desencontros


Encontros
De almas perdidas
Vagueando por aí
Á solta...
Acaso do destino
Alimentadas
Em promessas
Feitas de nada

Encontros
Clandestinos
Nas sombras da noite
Alegrias passageiras
Momentos de sonho
Vividos intensamente
Corpos suados
Prisioneiros da paixão
Ferida de morte
Na tortura da ilusão

Desencontros
De almas sentidas
Que se afastam
Culpa do destino
Capricho da razão
Fica o vazio
Das promessas
Feitas de nada
E a certeza
De novo encontro
Talvez o ultimo

Desencontros
Almas perdidas
Para sempre
Ficando apenas
Na lembrança
Na recordação
Medusa

19/03/2006

Esta noite


Esta noite
A serenidade tomou
Conta de mim

Esta noite
O meu pensamento voou
Sem fim

Esta noite
Um grito ecoou
No vazio de mim

Esta noite
Em que chorou
Raiva sem fim

Esta noite
Alguém procurou
Coisa ruim

Esta noite
Saíu e rumou
Ao encontro do sim

Esta noite
Alguém chamou
Ele foi... assim

Esta noite
Pecados provou
Longe de mim

Esta noite
Que não passou
Do devaneio ... enfim

Esta noite
A serenidade tomou
Conta de mim
Medusa

17/03/2006

O encontro


A hora aproximava-se e ela estava inquieta. Olhou para o relógio, sete da tarde em ponto. E o telefone que não tocava...
Mais alguns minutos... e, por fim tocou!
_Olá! Sou eu... cheguei!
_Olá! Onde estás?
_Aqui, ao pé de um banco, na rua x.
_OK. Vou a caminho...
No curto trajecto que a separava daquele estranho, um monte de duvidas assaltaram-lhe o pensamento...
Será que o vou encontrar? Como estará vestido? Será que vai gostar da minha figura? Como o irei cumprimentar... dois beijos na face, ou um só? E agora? Que faço? Já não posso voltar atrás, é tarde demais...
Mas que estranha atracção era aquela, por um desconhecido?
Afinal, tanta coisa já tinha sido dita,tanto segredo partilhado, tanta cumplicidade se criou, que parecia conhecerem-se desde sempre.
E tudo isso, graças a uma máquina maravilhosa, uma máquina que mexe com as emoções das pessoas... que alguém baptizou de "computador".
Seguiu em passos apressados e cambaleantes tal era a ansieadade daquele encontro, que se tinha tornado tão urgente!!
Medusa

15/03/2006

Vem...


Sinto
O fogo
Da paixão...
Quero
Provar o sabor
Dos teus beijos
A maciez
Da tua pele
O fogo
Do teu desejo
O sal
Do teu suor
O toque
Dos teus dedos
A doçura
Das tuas palavras
O calor
Do teu corpo
A sofreguidão
Do teu amor
O brilho
Dos teus olhos
Vem...
Fazer-me feliz
Medusa

13/03/2006

Meu sol


Aqui me encontrei
No cume do monte
Onde a brisa do amanhecer
Sopra leve e branda
E os primeiros raios de sol
Me afagam a pele
Iluminada pela beleza
Do seu resplandecer

De braços estendidos
Agradeço ao sol
A vida que me oferece
E as marcas que me deixa
Tatuadas em sorrisos
Que dei
E a memória não esquece

És o meu sol
Fonte da minha alegria
A ti ofereço
Com carinho...
As tatuagens
Em forma de sorriso
Que sei
Fazerem magia!
Medusa

12/03/2006

O que espero da vida


Quem sou?
O que espero da vida ainda?
Nada de especial...
Apenas viver cada momento, cada instante, como se fosse o ultimo!
Gosto do sol, do mar... das primeiras flores que despontam na primavera...
Gosto da música, do barulho das crianças no parque... do chilrear dos pássaros ao amanhecer e de novo ao entardecer...
Gosto de preguiçar na cama, de caminhar no jardim, escolher um banco vazio e sentar...
Observar os casais de namorados que passeiam de mãos dadas, no despontar da paixão que os impele para um abrir de janelas da vida que os espera...
Coisas simples, mas que me dão uma alegria imensa.
Desejo apenas, mais um pouco de tempo, para poder disfrutar de tudo isto em harmonia e em paz de espírito.
Poder ver o meu filho crescer, se tornar homem e seguir o seu caminho...
Talvez amanhã, me venha a agradecer por lhe ter dado a oportunidade de, também ele, poder um dia apreciar o que eu agora aprecio, na mesma paz e serenidade...
Acho que não é pedir muito da vida!!
Medusa

11/03/2006

Empréstimo


Empresto-te o meu corpo
Para
Nele poderes passear
Ao som
Dos meus gemidos
Te poderes deliciar
Ofegante
De desejo
Entre sussuros e sorrisos
Nada mais importa
Só o instante...
Em que te vou também
Pedir
O meu corpo de volta
Para agora
Te poder eu amar
Medusa

10/03/2006

Lembranças


Hoje fui ao baú
Desembrulhei memórias
Guardadas em papel velho
Amarelecido pelo tempo
Encontrei lembranças
Esquecidas lá no fundo
Amachucadas com o peso
De tantas outras em cima
Uma a uma
Espalhei todas pelo chão
Escolhi as mais alegres
Embalada na emoção
Voltei atrás no tempo
Saltei
Corri
Brinquei
Ri
E sonhei
Arrumei tudo de novo
Até as outras... as que não abri
Por serem tristes
Não as quis lembrar
Mas também lá estão
Para um dia
Talvez
As voltar a recordar
Fazem parte de uma vida
Não as posso apagar
Medusa

09/03/2006

Forma estranha de sonhar


Que forma estranha de sonhar
Esta que me assalta a cada noite
E me arrasta como que em açoite
Ao longo das águas deste mar

Levada na corrente forte
Sou obrigada a lutar
Já sem forças pra remar
Abandono-me á sorte

A noite foi comprida
Desmaiei e nem vi
Acordei ainda aqui
Atordoada e esquecida

Voltarei mais logo
Para novo sonho ao luar
Onde tu também vais estar
Nestas ondas que me afogo

Talvez esteja demente?
Talvez por estar só!
Talvez apenas carente...
Medusa

08/03/2006

Prazer


Ofereço-te o meu corpo
Que anseia pelo teu

Adivinho uma... outra mão
Trémulas de desejo

Incendeio-te num fogo
Que também é meu

Obrigo-te a dizer
Tudo o que almejo

Segredo-te ao ouvido
Palavras de paixão

Em pleno fulgor
Adivinho um vulcão

Quero o teu gemido
Ouvir... de prazer!
Medusa

06/03/2006

Sem tempo


Perco tanto tempo
Com o tempo que tenho
Procurando ao tempo
Áquilo que venho

Quero ter tempo
Para poder viver
Antes daquele tempo
Em que vou morrer

Perco-me no tempo
Que tarda em chegar
Escondo-me do tempo
Que tarda em passar

Sei que ainda há tempo
Para te poder amar
Mas falta-me o tempo
Que não vai voltar
Medusa

05/03/2006

Pensava...


Pensava
Que eras aquele
Que mostravas ser
Pensava
Que aquele mundo teu
Me davas a conhecer
Pensava
Na vida perfeita
Que também queria ter
Pensava
E nem sequer supunha
O que não queria ver
Pensava...
Pensava...
Pensava...
E por tanto pensar
Deixei-te morrer!
Medusa

04/03/2006

Amizade...


Levantei-me cedo naquele dia!
Ás sete em ponto, lá estava eu, a entrar na camioneta que, ainda tinha de passar por mais algumas terras, onde pessoas de trajes domingueiros e cestos no braço aguardavam com alegria a sua chegada. Era quinta feira, dia de feira na vila.
Muitas curvas depois e algum pó de borralho inalado, cheguei por fim ao meu destino.
Mal pisei aquele chão, senti liberdade... tinha um dia só meu, para fazer o que me apetecesse!
Fui logo á escola, meter o nariz na pauta e ver o que a sorte me ditara naquele ano. Foi o esperado...
Já de volta e a caminho da feira, encontrei a Filomena que também ali tinha ído pelo mesmo motivo. Que bom, já tinha companhia para o resto do dia!
A meio da tarde resolvemos ir comprar um corneto e lambê-lo, sentadas no banco das traseiras da câmara. Tão fresquinho que ali estava!
Eu já tinha reparado, e até comentado com a minha colega, o numero de vezes que eles ali passaram de enormes mochilas ás costas e ar de quem anda á procura e não sabe bem o quê!
_Olá! Boa tarde.
_Olá
_Vocês são daqui?
_ Não
_E não nos podem indicar onde ficam os correios?
_Claro, é já ali atrás!
_Onde?
_Aqui mesmo_ levantamo-nos prontas a acompanha-los até aos correios.
Daí a um bocado, já andavamos os quatro a tagarelar e a rir, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Tirámos fotografias e trocá-mos moradas, na esperança de algum dia daqueles, o carteiro nos bater á porta e nos entregar uma carta.
Uma semana depois, já tarde da noite, alguém batia com insistência na porta da minha casa. A minha mãe foi abrir e alguém perguntou por mim. Nem queria acreditar, eram os moços das mochilas ás costas que ali foram ter e pedir se podiam pernoitar!!
Caíu-me o coração aos pés tal terror senti, principalmente pela reacção do meu pai... como seria?!
Mas não, e para meu espanto, nem sequer ficou zangado ou me questionou! E tudo isso graças á simpatia dos rapazes.
A minha mãe tratou de fazer alguma coisa de comer e uma cama foi logo feita de lavado, para acolher dois estranhos, que tinha conhecido por acaso e ali tinham ído parar.
Por ali ficaram uma semana, tempo suficiente para deixarem marcas na memória e ainda hoje serem lembrados com um sorriso nos lábios.
Medusa

03/03/2006

Palavras...


Palavras
Escritas ao vento
Saídas
Do fundo da alma
Perdidas
No rasto do tempo
Palavras
Cobertas de amor
Saídas
De bocas caladas
Perdidas
Na sombra da cor
Palavras
Doces de mel
Saídas
De uma mentira
Perdidas
Num gosto de fel
Palavras
Feitas desejo
Saidas
De uma inquietação
Perdidas
No selar de um beijo
Palavras
Escritas agora
Saídas
De um sentir
Achadas
Aqui... sem demora!

01/03/2006

Ao sabor do tempo


Tenho saudades daquele tempo...
Um tempo perdido no próprio tempo
Onde os dias me pareciam longos
Tanta pressa tinha de viver!!
Imaginava coisas que nunca tinha visto
Deitava a cabeça na almofada e sonhava...
Afinal esse tempo não foi assim há tanto tempo
E sinto que me escapa o tempo!!