Olhos nos olhos

Azuis... de ciúme
Verdes... de traição
Castanhos... leais
Pretos... enigmáticos
Dizem...
Que os olhos não mentem
Mas...
Será que sentem?
Tristeza
Ira
Solidão
Alegria
Indignação
Os olhos vêem
Para além da beleza
Também a emoção!

Medusa

Simplicidade do ser

Sou livre
Apetece-me voar
Sob montanhas
E rios
Que correm para o mar

Sorrio
Ao acordar
Tal como o sol
Sinto
Vontade de brilhar

Vivo
Não quero parar
Arranco das entranhas
Mil
Razões para continuar

Assim
Como a terra a girar
Ou um só
E lindo
Pequeno pássaro a cantar

É tão simples viver
Contemplar
Sentir e amar
Na
Simplicidade do ser

Medusa

A perfeição em alguém

Há quem queira subir mais alto
... ás custas de alguém!
Há quem deposite esperanças
... cobradas a alguém!
Há quem brinque com os sentimentos
... de alguém!
Há quem sofra demasiado
... por alguém!
Há quem se sacrifique
... por alguém!
Há quem inveje o Amor
... de alguém!
Há quem sofra horrores
... por causa de alguém!
Há quem queira ser especial
... aos olhos de alguém!
E também...
Há quem queira subir ás estrelas
... com alguém!
Há quem queira tocar na lua
... com alguém!
Há quem se deixe encantar
... por alguém!
Há quem sonhe acordado
... com alguém!
Há quem procure a perfeição
... em alguém!
Há quem se sinta protegido
... por alguém!
Esse alguém...
... só pode ser um anjo!

Medusa

Simetria

Dois corpos
Entrelaçados
No espaço vazio
Entre um soalho de madeira
E um céu de noite...estrelado
...
Absortos
Abraçados
Como vela em pavio
...
Sussurros da feitiçeira
Aos ouvidos do seu amado
Em ofegante farfalheira
Crescente desejo aprisionado
...
Envoltos
Colados
Em suor de sal escorregadio
...
Sintonia perfeita
...
Dois amantes
Um só corpo...extasiado
A noite por um fio
Um final... extenuado

Medusa

Noite de vela...

Negro
É o fundo
Da tela
Onde escrevo
Palavras
Ao mundo
Sentidas
No sossego
Criado
Por ela
... a noite
Companheira
De quem por si
E para si... vela!!

Medusa

Coisas simples e pequenas

São coisas simples
E pequenas
Que me enchem
O coração
Escevo-as neste livro
De páginas abertas
E soltas
Á mercê do vento
E da raiva
De um furacão
Das faíscas
Ateando o fogo
Que arde nos olhos
Da frustração
São perdas
São ganhos
Alegrias e tristezas
Desabafos do momento
Palavras de carinho
De amor
E de emoção
Lidas por todos
Entendidas por alguns
Invejadas por outros
Reconhecidas
Ou não
São minhas
Estas coisas simples
E pequenas
Que me enchem
De satisfação

Medusa

De que falo?

O branco imaculado
Contraste gritante
Do recheio acopulado
Desabrochando...
... a medo
Meio envergonhado
Não digo por enquanto
... é segredo
Mas que lembra no instante
Aquilo de que falo!

Medusa

Só...

Só
Desejo-te...
Afago-te...
Beijo-te...
Quero-te...
Só
Imagino-te...
Toco-te...
Sinto-te...
Invento-te...
Só
Toco-me...
Sinto-me...
Queimo...
Estremeço...
Só
Aconchego-me...
Sorrio...
Adormeço...

Medusa

Azul

Azul

Do céu
Do mar
Do fundo dos teus olhos
Onde me quero afogar...

Azul

Leve
Fresca
Usada nos sonhos
... do poeta
Nas telas
... do pintor

Azul
Talvez a côr... do amor...

Ali
Entre o céu e o mar
Aqui
Ao alcance do teu olhar

A tinta fresca
Da côr
Com que me vou pintar

Medusa

Apenas um sonho

Era uma noite de Agosto igual a tantas outras...
No final de um dia quente, apenas o canto das cigarras e dos grilos, perturbavam o silêncio que por ali reinava.
Adormeci...
Dei comigo a deambular por caminhos nunca antes percorridos ...
Vagarosamente... passo a passo, os meus pés encaminhavam-se em direcção a um horizonte cravejado de pequenas luzes cintilantes, que brilhavam num céu de veludo negro.
A cada passo que dava, a vontade de chegar áquele lugar era cada vez maior... algo me puxava naquela direcção!
A brisa fresca da madrugada, envolveu o meu corpo desnudado ... num clic, os meus olhos abriram-se... foi apenas um sonho!
O céu de veludo negro continuava lá. As pequenas luzes cintilantes tinham desaparecido...
Uma bola enorme, tinha entretanto aparecido e com ela, o brilho inconfundível de uma noite de lua cheia!
Mas aquele simples sonho, ficou gravado na minha mente e, alguns anos mais tarde, viria a fazer parte da minha realidade...

Medusa

Ele... ela...

Ele...
Ela...
Encontro marcado
No lugar de sempre

Os olhares cúmplices
Calaram as palavras

Das bocas sedentas
Pelo beijo molhado

Quatro mãos irrequietas
Despiram mutuamente

Dois corpos suplicantes
Literalmente colados

Perdidos na emoção...
Encontrados na sofreguidão

Ele...
Ela...
O desejo...
A entrega...
...

O auge... a satisfação!

Medusa

Espera...

Quem espera,
Quase desespera
De tanto esperar...
Ao fim de tanta espera,
Só espera
Que por quem espera
Não tarde a chegar!

Medusa

Descalça

Descalça... pela rua
Num tempo perdido
... no próprio tempo
Os pés na neve fria
Despidos de sapatos
... que não tinha
Espelhado no rosto
... o triste desalento!
A menina do campo
Herdeira na pobreza
... da sorte que tinha
A barriga quase vazia
... do pão que não havia!
Ofereceu lágrimas á lua
Numa noite de pranto
Que... emocionada
Se encheu de brilho e...
... lhe iluminou o caminho!!

Medusa

Selvagens

Cresceram devagar
Ao sabor do tempo
Acabados de soltar
Com a ajuda do vento
A galope
Ou
A trote
Tanto faz...
São selvagens!
Lindos...
Livres...
Soltos...

Medusa

Sereno é o horizonte

Sereno é o horizonte
Como serenos são os passos
De quem se passeia pela vida
Sem pressa de chegar
Apreciando cada flor
Cada palmo de terra
Cada gota de água
Os sons que pairam no ar
Ao longo do caminho
Desviando-se das pedras
Para não tropeçar

Medusa

O meu dia

Estou triste...
Logo hoje,
No meu dia...
Sei que não devia estar!
Mas que culpa tenho eu?
Se quero ter um carinho...
E ninguém pra mo dar!
Se quero ter um brinquedo...
E ninguém pra mo comprar!
Se quero ter amigos...
Isso eu posso tentar!
Hei... tu aí...
Queres ser meu amigo?
Vem comigo brincar!...
Anda, vamos a correr!...
Saltamos aquele muro.
O primeiro a sair...
Tem de ser o primeiro a chegar!
Queria ter um peluche...
Para de noite me abraçar!
Ninguém me conta uma história,
Antes de adormecer...
A mãmã saiu... foi trabalhar!
O papá, não vou conhecer...

Medusa