Lembranças guardadas nas prateleiras da memória e aqui revividas em forma de ecos
29/04/2006

Ciúme


Ele chega
De mansinho
Pé ante pé
Sem fazer barulho
Primeiro olha
Em redor
Devagarinho
Procura algo
Um gesto
Uma frase
Um murmuro
Ou até
Um silêncio
Uma ausência
Desesperado
Cego de razão
Fixa o alvo
E aguarda...
Quietinho
O momento certo
Qual fera
Esfomeada
Vigiando a presa
De longe
E paciente
Espera...
Mais cedo
Ou
Mais tarde
O inevitável...
Lançado é
O arpão
Do ciúme
Medusa

27/04/2006

Aliança


Quando a esperança
Caminha lado a lado
De mão dada com a vontade
A alegria e a confiança
Regressam do passado
Esquecendo a saudade
Formando uma nova aliança
Medusa

24/04/2006

Infancia feliz


Toda a gente tem uma história de vida.
Não há duas iguais, quando muito, podem ser parecidas!
A minha, não é igual á de ninguém... é apenas a minha.
Estaria a mentir, se dissesse que tive uma infancia triste, porque não foi!
Claro que não tive bonecas, nem jogos lúdicos para brincar...
Claro que não tive uma bicicleta para andar. Embora me tivesse sido prometida...
Claro que não tive uma simples bola para jogar...
Ao invés disso, davam-me quadrados de madeira e pregos pequenos, para que pudesse construir algo com que me entretesse.
No verão era melhor. As minhas amigas que chegavam para passar os três meses das férias grandes, traziam brinquedos a sério!
Também eu podia usufruir deles, naquele pedacinho a seguir ao almoço, ao que se chamava "hora da sesta".
Quando brincavamos no quintal de uma delas, onde também havia um baloiço... a minha grande predilecção!
Nunca me faltou carinho...Nunca me faltou amor...
Nunca me faltou comida...
Nunca me faltou trabalho também...Trabalho infantil? Talvez...
Mas fui uma criança feliz!!
Medusa

21/04/2006

ROSA


És bela
Linda por fora e por dentro
Tens pétalas de veludo
Côr quente e luminosa
És fonte de alento
De vidas que alimentas
Motivo de admiração
Orgulho do meu jardim
Há quem te queira colher
Num acto de havareza
Para sua jarra enfeitar
E seus olhos encher
De tamanha beleza
És harmoniosa
Danças a valsa com o vento
Cintilas como uma estrela
Adormecendo ao luar
O sol brinda-te ao amanhecer
Olhares consegues cativar
Sorrisos fáceis desprender
Bastando apenas a certeza
Da tua presença os emoldurar
És a eleita
A melhor que se possa ter
A mais linda que já vi
Que os meus olhos te vejam sempre
Dentro do meu jardim
Pois tu és
A minha querida ROSA

(Para a minha amiga de sempre e para sempre!!)
Medusa

19/04/2006

Vagueias sem rumo...


Vagueias sem rumo...

Escondes-te nas trevas

Por medo ou solidão

Vagueias sem rumo...

Acaso da vida

Penas que carregas

Lamentos do coração

Alma em ferida

Vagueias sem rumo...

Desejos que negas

Arremessos sem razão

Ataques em mira

Bombardeias ás cegas

Ou será intuição?

Vagueias sem rumo....

Acorrentado á frustração

Espalhando a ira

Com as mãos que esfregas

De contente ilusão

Vagueias sem rumo...

Perdido na escuridão

Mais tarde sossegas

Á sorte que te obriga

Vagueias sem rumo...
Medusa

17/04/2006

Na cumplicidade da noite


A noite chega de mansinho
E os olhares voltam-se pra ela
A lua já espreita lá de cima
Oferecendo inspiração ao poeta
Pode ser um corpo nú... de mulher
Um jardim de flores matizadas
Uma praia em final de tarde
Um amor que terminou
Uma qualquer rua deserta
Um encontro de amantes
Um olhar perdido algures
Uma mulher... que não foi sua
Ou até uma ave... que voou
O que a imaginação quiser
E assim nasce o poema
Feito de rimas cruzadas
Pela mão do poeta
Que abusou da lua
Na cumplicidade da noite
... e sua obra criou!
Medusa

15/04/2006

Um momento de verdade


Embaladas no fogo da paixão
Duas almas em pecado ardente
Lambendo labaredas de emoção
Devorando pedaços de amor carente

Entre o sonho e a realidade
Existe um momento...
... um momento de verdade!

O céu como horizonte
Demorando aqui... ali...
Escalando cada monte
No cume... quase morri!!
Medusa

13/04/2006

As tuas mãos


Essas mãos...

Acarinharam pobreza
Distribuiram bondade
Afagaram tristeza
Acalentaram saudade

Essas mãos...

Trabalharam no duro
Fizesse sol ou chuva
Deram luz ao escuro
Fizeram vinho da uva

Essas mãos...

Que me embalaram
Que me aqueceram
Que me ensinaram
Que me ajudaram

Essas mãos...
...as mãos de mãe
São as tuas mãos
Riqueza de quem tem!!
Medusa

11/04/2006

A felicidade


Com quantas palavras se escreve a felicidade?
Quantas vírgulas, pontos finais e reticencias, serão precisos?
Quantos parágrafos?
Pois é...
Não se sabe ao certo!
Cada um tem uma felicidade diferente da dos outros.
Aquilo que para uns chega, para outros é muito pouco!
Há quem escreva a sua felicidade com milhares de palavras, centenas de vírgulas e pontos finais e algumas dezenas de reticencias.
A sua felicidade, por ser tão grande, ocupa-lhes imenso tempo a descrever, têm muitas coisas... não se podem esquecer de nada...
A minha felicidade, não precisa de muitas palavras, vírgulas, pontos finais e reticencias.
Também não me ocupa muito tempo a descrever, resume-se em muito pouco.
Saúde...
Paz...
Um pouco de amor...
E tempo para a poder disfrutar!
Medusa

10/04/2006

No fim... nada!


Ideias que afloram
Papel em branco
Caneta a postos
Palavras que jorram
Com pressa de chegar
Contam-se histórias
Fabricam-se poemas
Com frases a rimar
No fim...
Imperfeição
Insatisfação
No fim...nada!
Folha amarrotada!!
Medusa

09/04/2006

Cocktail


Prazeres proibidos...
Sonhados
Desejados
Suplicados
Atendidos
Em alcova de luxúria
Bocas esfomeadas
Mãos aventureiras
Palavras ousadas
Corpos ondulantes
Provam-se néctares
De fina colheita
Derramados a rigor
Em pedaço de pecado
Que língua sedenta
Não cansa de sorver
gota a gota... se deleita
Em prazer estonteante
Num cocktail de fulgor
Secretamente apaziguado
Medusa

08/04/2006

É para ti...


Hoje é para ti que escrevo...
Deste-me a vida
Ensinaste-me a falar
Mataste-me a fome
Fizeste-me rir
E também chorar...
Guiaste-me no caminho
Desviaste-me dos buracos
Avisaste-me das armadilhas
Aconselhaste-me nas incertezas
Amparaste-me nas quedas
E nas outras...
Ajudaste-me a levantar
Deste-me guarida
Preocupaste-te comigo
Abeiraste-te da minha cama
Perguntaste-me se estava melhor...
Partiste naquela noite
Levando-me contigo... eu sei!
Nunca to disse
Mas amava-te muito
Ao meu jeito calado
Acompanhas-me sempre
Para onde quer que eu vá
Vejo-te muitas vezes
Ouço-te outras tantas
Mesmo não te abraçando
Continuas ao meu lado
Ou não fosses tu
O meu querido pai!
Medusa

07/04/2006

Uma palavra bastou


Uma palavra bastou
dita na hora certa
o meu coração acelerou
perante tamanha oferta

Respondeste sem demora
ao meu apelo de mulher
cavalgando estrada fora
não olhando para trás sequer

Momentos de paixão
momentos de loucura
vividos com sofreguidão
acabados em ternura

Mais um beijo de despedida
mais um aperto da nossa mão
mais um momento da nossa vida
mais uma alegria do coração
Medusa

06/04/2006

Máscaras


Ao longo da vida, vamos conhecendo pessoas novas, cada uma com a sua história e o seu modo de estar na vida. As suas variadas maneiras de lidarem com as situações que se lhes deparam e com quem os rodeia.
Algumas, que até parecem ser extraordinárias, com as suas conversas agradáveis, os seus sorrisos e o seu modo envolvente, com o passar do tempo vão-se revelando e, por vezes, chega-se á conclusão de que afinal tudo não passava de fogo de vista.
Tudo aquilo que se tinha formado em torno dessa pessoa, não era mais do que uma mácara que ela usava, fosse para impressionar, ou simplesmente para se defender de algo... talvez até de si própria!
Não existem pessoas perfeitas, mas também não era preciso tanto cinismo, até porque, mais cedo ou mais tarde, a verdade acaba sempre por se revelar.
O tempo... esse é o maior aliado da verdade!
Medusa

05/04/2006

Dilema da (in)decisão...


Entre o ser e o não ser
Entre o ir e o ficar
Entre fazer e o não fazer
Entre o estar e o não estar

Existe um espaço vazio
Uma falha no tempo
Como uma vela sem pavio
Apagada numa baforada de vento

Não sabendo muito bem
Para que lado tombar
Uma indecisão que tem
Pernas para ir e para ficar

Decisões que pesam como chumbo
Nelas reside uma vida
Atirada ao poço sem fundo
Ou elevada ao cume... renascida!

Quantas vidas se perdem
Quantos sonhos se não realizam
Quantas almas que cedem
Nessa brecha por onde deslizam
Medusa

03/04/2006

Na ausência de ti


Na ausência de ti
O tempo torna-se longo
Os meus dias infinitos
Só me apetece sair dali

A cada instante que passa
A minha mente recorda
A minha vontade ordena
E o meu desejo ultrapassa

Quero-te e não te tenho
Leio-te e não te ouço
Imagino-te sem te ver
A cada minuto que aqui venho

Voltarei sempre
Ao lugar onde te encontro
Onde os sorrisos acontecem
Na magia que se sente

Na ausência de ti
Procuro qualquer coisa
Que me faça lembrar-te
Que me encha de ti
Medusa

02/04/2006

Fantasia do momento


Ali!
Onde acaba a realidade e começa a fantasia, encontro-me contigo,
estendo-te a minha mão e juntos passeamos.
Falamos de tudo... e de nada, do que já vivemos...
Das coisas simples que nos enchem de alegria, do que queremos... do que não queremos...
Sentamo-nos... a contar as estrelas...
Sob o olhar atento da lua, que vela por nós e nos ilumina o caminho.
Na profundidade de um olhar teu, adivinho um desejo mútuo...
...de um abraço...
...de um beijo...
Absortos de tudo e de todos, nada mais existe...
Apenas nós... as estrelas... a lua... e... o momento...!
Medusa