Lembranças guardadas nas prateleiras da memória e aqui revividas em forma de ecos
04/01/2006

Ditado


Naquele tempo lá longe,mas guardado na memória como se tivesse sido ontem;recordo a rapariguinha de corpo franzino e óculos grossos, que tanto a entristeciam e a faziam perguntar,sem no entanto obter resposta:
_Porquê eu?
Na escola era gozada pelos colegas,que nunca se cansavam de a inferiorizar por isso.
A carteira da frente estava sempre reservada para ela! Mais uma vez a pergunta se impunha:
_Porquê eu?
Era dia de ditado e os corações ficavam apertadinhos...
A professora com o seu ar austero e poderoso,não se cansava de ditar palavras que,cada um tentava a todo o custo,escrever sem errar,porque se isso não acontecesse, as mãos iriam ficar roxas e a esformigar por bastante tempo.
Ditado acabado,era hora da recolha dos cadernos e, mais uma vez os corações ficavam apertadinhos...
Um a um,os nomes dos desafortunados,foram sendo chamados e ordenavam-se em fila, para receberem as réguadas do costume! Mais uma vez, o nome dela não foi ouvido!! Afinal a rapariguinha de corpo franzino e óculos grossos, que os colegas gozavam, era só aquela que nunca dava erros no ditado!!

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