Lembranças guardadas nas prateleiras da memória e aqui revividas em forma de ecos
31/05/2006

Vai lobo... vai...


Um som estranho rompeu o silêncio
Era um uivo ... o derradeiro
Cortando montes e vales
Do fundo da floresta... no meio do nevoeiro

Entraste em mim por inteiro
Ao ponto de em ti me transformar
Contemplei o teu olhar meigo
Contigo aprendi também a uivar

Vai lobo... vai... segue os teus impulsos
Procura aquilo que daqui te faz abalar
Mas se um dia voltares...
Por aqui te espero poder reencontrar
Medusa

30/05/2006

Não sei...


Não sei...
Devo estar a sonhar
Vestida de luas
E consigo voar

Não sei...
Estarei a dormir?
Acho que devo estar
Mas consigo ouvir
As ondas do mar

Não sei...
Não consigo lembrar
Os olhos pesavam
E a cabeça a tombar

Não sei...
Se adormeci
Se acordei
Mas gosto de aqui estar
Medusa

28/05/2006

Porque hoje...


Porque hoje...
...é sábado!

Porque hoje...
...estou feliz!

Porque hoje...
...o sol brilha diferente!

Porque hoje...
...madruguei!

Porque hoje...
...o cheiro da relva fresca me encantou!

Porque hoje...
...quero fazer o que ainda não fiz!

Porque hoje...
...me apetece sorrir mais!

Porque hoje...
...vivo o presente!

Porque hoje...
...o calor me alimentou!

Porque hoje...
...recebi um afago carinhoso!

Porque hoje...
... me embelezei!

Porque hoje...

...hoje...

...o tempo não foi piedoso!
Medusa

Entre um e o outro...


É tão fina a linha...
Que separa os dois mundos...
O mundo da realidade...

E o mundo da fantasia...
Quase que se confundem...
Há dias em que estamos num...

Mas queremos estar no outro...
Quase que se misturam...

Vivemos na corda bamba...
Entre um ...

... e o outro...
Medusa

25/05/2006

Quem és tu?!


Quem és tu?
Escondeste por detrás da máscara...
Mostras só o teu lado bonito
Aquilo que queres que os outros vejam em ti...
Quem és tu?
Alguém alegre e divertido
Que faz rodar cabeças e olhares
Sorrisos e gargalhadas aqui e ali...
Quem és tu?
Olha para dentro de ti
Desce ao fundo do teu ser
Vê se faz sentido...
Quem és tu?
Julgas-te o maior
Forte como um rochedo
Incapaz de te afundares...
Quem és tu?
Um Deus na terra
Todos se devem curvar
A quem o NÃO é dito a medo...
Quem és tu?
O homem da máscara
Escondido de ti próprio
Com medo de falhar...
Quem és tu?
Ninguém sabe ao certo
Apareceste do nada
Vieste pra ficar...
... até um dia!!
Medusa

23/05/2006

À tua espera...


Rendida ao abandono do tempo
Espero pela tua chegada
Não demores...

Enquanto não chegas
Relembro o teu sorriso
O teu toque
A tua voz...

Espreito pela janela
Ainda não te avisto
Sinto-te perto...

Só os uivos do vento
E o barulho da chuva
Mesmo sem lua
A noite perfeita...

Este aroma no ar
É do teu perfume
Os passos na escada
Só mais um segundo...

Em breve serei tua
Como lenha no lume
No nosso mundo
Na nossa fogueira...
Medusa

21/05/2006

Voltas ao tempo


Dou voltas ao tempo
Fazendo tempo ao que venho

Ainda estou a tempo
De ver o tempo que tenho

Correndo contra o tempo
Sobeja tempo de certeza

Roubo tempo ao tempo
Faço do tempo uma proeza

Perdi muito tempo
Com o tempo que passou

Ganhei mais tempo
Para o tempo que ainda vou

Dei um salto no tempo
Encontrei o tempo esquecido

Voltei áquele tempo
Que julgava perdido

Sou ainda do tempo
Em que o tempo voava

E já nem havia tempo
Pois o tempo escasseava

Quero ainda ter tempo
De viver o tempo que falta

Para que o resto do tempo
Não seja tempo em falta

Na corrida contra o tempo
Perco algum tempo no caminho

Mas sei que ganho outro tempo
Abraçando o tempo de mansinho

Ao longo deste tempo
Tempo houve que perdi

Ganhei um novo tempo
Para o tempo que não vivi

E com todo este tempo

Dei voltas ao tempo...

Corri atrás do tempo...

Roubei tempo ao tempo...

Fiz algum tempo...

Perdi outro tempo...

Ganhei pouco tempo...

Brinquei com o tempo...
...do pouco tempo que tenho...
Medusa

20/05/2006

Jogo de cartas



Era uma tarde de calor. A minha amiga já me aguardava no quintal onde passava a maior parte do tempo. Mesmo de férias, não tinha permissão para sair dali...
Com ela, aprendi a brincar com tachinhos, pratos e talheres de brincar. Só não conseguiu fazer com que gostasse de bonecas...
Tinha livros de banda desenhada antigos, que eram do avô e que devorávamos, sentadas á sombra da parreira que também servia de suporte ao baloiço onde me deliciava até não querer mais!
Mas naquela tarde decidimos fazer uma coisa diferente. Ela foi buscar um baralho de cartas e ensinou-me a jogar ao burro em pé. Adorei!
Por ali ficámos entretidas, sem dar pelo tempo passar.
Mas houve alguém que não se esqueceu de olhar para o relógio, e como tardava a minha chegada, decidiu ir procurar-me.
Depressa me encontrou e não deixou de me demonstar o seu desagrado pelo que viu.
_Uma mulher não joga ás cartas!!
Ao mesmo tempo que pronunciava esta frase, vi nos seus olhos a reprovação do acto. Mas eu era apenas uma menina e nem sabia que esse jogo era pouco abonatório nas mãos de uma mulher.
Claro que na altura nem abri a boca, pois fiquei amedrontada e não ousei sequer falar no assunto durante os tempos que se seguiram.
Muito mais tarde vim a saber o porquê. Afinal o jogo das cartas estava associado ás prostitutas...

Medusa

18/05/2006

Lobos da noite


E a noite chega...
E com ela
Eles também...
A fome que os obriga
Ao luar os mantém...
São lindos
Bravos também...
Lobos da noite
Seguem em matilha
Uivos além...
Presa que se cuide
A morte espreita...
Em cada sombra
Em cada uivo
A lua é cúmplice
A noite também...
O crime compensa
A fome matou-se
Cumpriu-se a lei...
Medusa

15/05/2006

Vem comigo mais além...


Vem
Dá-me a tua mão
Vamos fazer uma viagem
Ao sabor do vento
Apanhamos aquela nuvem ali
Não é preciso bagagem
Basta o teu corpo e o meu
Abraçados no tempo
Vem
Não tenhas medo
Larga a tua solidão
Despede-te dos receios
Liberta-te das fraquezas
Vagueando na imensidão
Rumo ao desconhecido
Alheios ás incertezas
Vem
Aprende a voar
Ensina-me também
Encontro-me contigo a sós
Onde espero alcançar
O pleno da paz
E chegar mais além
Ao centro do infinito
Diz-me como se faz
Cuidarei de ti... de mim... de nós...

Recebi um comentário muito especial neste post, não poderia de modo nenhum, deixar de o publicar também!

aroma de mulher - - - 2006-05-14
Olá medusa não me leves a mal... mas peguei no teu poema e entrelaceio num meu... vê o resultado...acho que ficou bem engraçado este poema a 4 mãos... as tuas e as minhas.
Os meus estão assinalados por um -

Vem
-vou
Dá-me a tua mão
-de mão apertadinha na tua
Vamos fazer uma viagem
-Juntos voaremos
Ao sabor do vento
-Ao doce ondular da brisa
Apanhamos aquela nuvem ali
-E de mãos dadas correremos
Não é preciso bagagem
-O que temos basta-nos
Basta o teu corpo e o meu
-Na perdição dos sentidos
Abraçados no tempo
-Nos encontramos
Vem
-Caminha a meu lado
Não tenhas medo
-Estarei eternamente aqui

Larga a tua solidão
-Vem saborear o amor

Despede-te dos receios
-Desnuda-te de pudores
Liberta-te das fraquezas
-Satisfaz o desejo
Vagueando na imensidão
-Encontro-te no amanhecer
Rumo ao desconhecido
-Olhamos o horizonte
Alheios ás incertezas
-Procuro-te
Vem
-Espero-te aqui
Aprende a voar
-Quero-te livre
Ensina-me também
-A acreditar no sonho
Encontro-me contigo a sós
-Perco-me de amor por ti
Onde espero alcançar
-desejos de alguém que deseja...
O pleno da paz
-Na eternidade do amor
E chegar mais além
-Para lá do tempo
Ao centro do infinito
-num momento chamado sempre
Diz-me como se faz
-Quero fazer-te feliz...
Cuidarei de ti... de mim... de nós...
(Ana Luar)

E outro ainda...

- - - 2006-05-17
Segurei a tua mão,
Perto do abismo, (tão perto)
Mas caíste,
Abraçaste a lei inversa à gravidade,
E voaste,
pelo dia negro,
Que nasceu…
Não sorri,
não olhei,
O meu caminho feito de pregos,
Impregnava o ar com aromas de revolta,
Que saboreei.
Quando o tempo se fizer imóvel,
Quando as luzes brilharem de saudade,
As contas estarão ajustadas,
E a tua mão definitivamente…
Vou largar…
(Lestat R7)





14/05/2006

Serafim...


Parece que ouvi chamar por mim...
Não sei... pareceu-me...
Deve ter sido...
Mas agora não estou pra ninguém!
Outra vez?!
Bolas... que são chatos!!
Agora tenho mais o que fazer...
Serafim...serafim... eu sei que sou serafim!
Que nome me haviam de arranjar!!
Só mais um bocadinho... estou quase a acabar.
Tinha sede... muita sede pra matar!!
Medusa

12/05/2006

Aquela ali...


Aquela ali

Que olha para mim

Fixamente

Sem desviar o olhar

Que me sorri

E me diz

Se estou bem... ou não...

Aquela ali

Que me olha assim

Insistente

Faz-me acreditar

Que ainda não morri

Lembra-me do que não fiz

Do que ainda vem... ou não...

Aquela ali

Dentro do meu espelho

A cada dia no começo ou no fim

A quem peço um conselho

Desafia-me a sonhar

Ainda bem... ou não...

Aquela ali

Confia em mim

Olha-me de frente

Obriga-me a lutar

Na dura batalha

Que espero ganhar

Até ao fim

Farei bem... ou não...

Aquela ali

Sou eu

Num reflexo de mim
Medusa

07/05/2006

As cores do arco íris


Subi ao último andar, abeirei-me da varanda e fiquei ali uns minutos...
Enquanto bebericava o café, ía observando...
O sol que já dava sinais de vida... as estrelas que ainda lá estavam...os pássaros, incansáveis no seu chilrear matinal... o cheiro da manhã e a quietude aparente da cidade... lindo!
São momentos como este, que um dia tive medo de não voltar a ver...
Os cegos, aqueles que nunca viram a beleza e as cores do arco íris, não sabem... apenas imaginam!
Mas os outros...
Aqueles que um dia já viram e que, de repente, ficaram privados dessa beleza, só lhes restam os outro quatro sentidos para as "verem" de novo... as cores do arco íris!!
Medusa

Shiiiiiiuuuuuu..........


Shhhhiiiiuuuu...
Não digas mais nada...
Consigo ouvir as palavras que não dizes, na intensidade do teu olhar meigo e tranquilo, que me banha de ternura de cada vez que resolves brindar-me com a tua presença...
Shhhhiiiiuuuu...
Deixa-me ouvir essas palavras doces...
Que me impregnam a mente e ensopam os meus sentidos, até não ter espaço para mais nada...
Shhhhiiiiuuuu...
Gosto tanto de te ouvir em silêncio, quando me abraças com meiguice e o teu corpo se cola ao meu...
Shhhhiiiiuuuu...
Não faças barulho... deixa-me escutar-te...
Medusa

05/05/2006

Fruto esquecido


Fruto silvestre
Que brota da terra
Num cenário campestre
Ao despontar da Primavera

Fruto agre e doce
Que teus olhos comem
Como se desejo fosse
Proibido ao homem

Fruto ainda verde
Vestido de vermelho
Causador de muita sede
Na boca de um velho

Fruto desejado
De tão proibido ser
A terra o terá dado
A terra o há-de colher

Fruto maduro
O sol é o culpado
Em seu estado puro
Possuí-lo será pecado

Fruto aparecido
Fruto desejado
Fruto possuído
Fruto acabado

Fruto esquecido...
Medusa

03/05/2006

Amizade e Amor


Por vezes, na ansia de viver e de querer aproveitar todos os momentos que a vida nos proporciona, nem nos apercebemos de que estamos a magoar alguém...
Nem que seja só uma partilha de amizade, um querer mostrar os lugares e as coisas que nos fazem sentir bem, um encher de felicidade o rosto de alguém...
Mesmo assim, estamos a magoar alguém sem querer!
Alguém que nos quer tanto, que não consegue sentir o mesmo que nós nesse momento, por não estar a fazer parte dele.
Mas a amizade, quando verdadeira, é tão importante para o equilíbrio do ser humano. Não podemos viver isolados do mundo, nem conceber uma vida sem a amizade. Quem não tem amigos, é um ser triste, deprimido e infeliz.
Jamais conceberia uma vida sem amigos!!
Contudo, existe uma coisa ainda melhor... o Amor!
Mas um não ocupa o lugar do outro...
Medusa

01/05/2006

Gostava...


Gostava
De poder estar contigo
Mergulhar nos teus olhos
E nos teus cabelos me embrenhar
Gostava
Que a lua nos apanhasse
Distraídos... a ver o sol partir
Enquanto as gaivotas voavam
Gostava
De no teu peito encostar o meu ouvido
Oferecer-te sorrisos aos molhos
E o teu coração fazer pular
Gostava
De contigo poder
Naquele areal passear
E a brisa do mar sentir
Ao entardecer
Gostava
De a tua língua saborear
Enquanto as ondas invejosas
Na areia se embrulhavam
Gostava
De contigo ali estar
O sol ver partir
E a lua chegar
Gostava...
Medusa